Lavou o rosto para espantar a noite que insistia no abrigo dos seus olhos. Despetalou a persiana, franziu o rosto, respirou fundo e seguiu. Cruzou sinais, desviou da balburdia escolar infantil, correu até o ponto, catou dinheiro amarfanhado e entrou rasteiro no coletivo. Nunca se sentira tão humanamente só. O corpo dependurado num balanço triste. Quantos carimbos o aguardariam? Quantas caras inóspitas perguntariam as mesmas obviedades? Até quando suportaria? Difícil responder quando o hábito vem com seus caprichos. Como naquela manhã com gosto de noite, por exemplo. Seria um sinal? A comporta finalmente abriria seus braços? O ar acenderia pelas ventas o desejo esquecido?