terça-feira, 25 de janeiro de 2011

hábito

Lavou o rosto para espantar a noite que insistia no abrigo dos seus olhos. Despetalou a persiana, franziu o rosto, respirou fundo e seguiu. Cruzou sinais, desviou da balburdia escolar infantil, correu até o ponto, catou dinheiro amarfanhado e entrou rasteiro no coletivo. Nunca se sentira tão humanamente só. O corpo dependurado num balanço triste. Quantos carimbos o aguardariam? Quantas caras inóspitas perguntariam as mesmas obviedades? Até quando suportaria? Difícil responder quando o hábito vem com seus caprichos. Como naquela manhã com gosto de noite, por exemplo. Seria um sinal? A comporta finalmente abriria seus braços? O ar acenderia pelas ventas o desejo esquecido?

Um comentário:

  1. É preciso um esbarrar, um tropeção na realidade para, quem sabe, sermos salvos dos pés esmagadores da rotina...
    Nada pode ser mais solitário do que sobreviver...

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