quinta-feira, 7 de outubro de 2010

composição


Texto: Cris Teixeira
Foto e composição: Denise Teixeira

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

calçada

Esfregou, enxovalhou, partiu em mil pedaçinhos e se foi... pelo piso oco e seco. Tudo num só golpe, naco aberto como vagina bangela. Vontade de nada... só deglutir o vazio chão naquela tarde plena de maresia e calor. E assim fez... calçou o pé no sapato esquecido, caminhou em silêncio gregoriano e verteu água benta nos olhos. Era preciso zerar tudo. Perdoou feridas, deixou o rastro se perder de vez e ganhou calçada. Primeiro andou segurando o corpo, tão atrapalhado quanto o fogo da primeira vez. Aguardou o encontro com pulsos aos pulos... depois sentou no umbral e cerrou as pestanas num sorriso. Sim, estava feito.

Valéria Motta

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Capital

O mesmo sentimento.
A mesma estória.

A mesma palavra
dita na mesma hora

A mesma única canção
dos carinhos mesmo vazios
dos sentidos perdidos
que mesmo entre travesseiros mesmos
ainda são correspondidos...

A mesma sensação
com a mesma intenção
sem ao menos perceber a traição
dos lençois vazios.

Na sempre procura dos teus beijos
eu tiro mesmo, o resto do vermelho
dos seus lábios pintados com esmero
e espero.

O borrar por completo das cores
Fultigadas
Derrotadas
Na pele manchada.

Te abraço
me desmancho inteira
e percebo o erro
de nunca ter amado.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

beijo

Beijo par.


Beijo ímpar.

Beijo invugar.

Beijo objeto.

Beijo objetivo.

Beijo apressado.

Beijo defindo.

Beijo encantado.

Beijo adormecido.

Beijo celeste.

Beijo selvagem.

Beijo torto.

Beijo morto.

Beijo violento.

Beijo esfregado.

Beijo bolinado

Beijo abortado.

Beijo fraterno.

Beijo preciso.

Beijo técnico.

Beijo solícito.

Beijo sonolento.

Beijo querido.

Beijo necessário.

Beijo rendido.

Beijo á três.

Beijo de quatro.

Beijo mordido.

Beijo cheirado.

Beijo amancebado.

Beijo afeminado.

Beijo punitivo.

Beijo castigado

Beijo simétrico.

Beijo secundário.

Beijo importante.

Beijo esquecido.

Beijo equivocado.

Beijo proibido.

Beijo mandado.

Beijo obedecido.

Beijo aplaudido.

Beijo condenado.

Beijo arrependido.

Beijo repetido.

Beijo amado.

Beijo apaixonado.

Beijo fingido.

Beijo lascado.

Beijo selado.

Beijo interrompido

Beijo carente.

Beijo demente

Beijo solidário.

Beijo amigo.

Beijo roubado.

Beijo traído.

Beijo perfeito.

Beijo inesquecível.

Beijo de pai.

Beijo de mãe.

Beijo de filho.

Beijo primeiro.

Beijo último.

Beijo eterno.



Eterno Beijo.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

MunDANOS - Esteriótipos

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Série: PECADINHOS - Preguicinha - Dani D.


Ando assim,
Ando assim com preguiça;
Sem preguiça,
As vezes com pouca;
A maioria com muita.
Ando assim,
Ando assim cansada;
Sim, todo dia cansada,
Uns dias menos;
A maioria mais.
Ando assim,
Ando assim com menos;
As vezes com mais,
As vezes com nada,
A maioria com mais nada.
Ando assim,
Ando assim mais nada,
Ando assim menos tudo.
Ando assim,
Preguiça do meu nada,
Querendo mais.
Cansada do meu tudo,
Querendo menos.
Ando assim...
A importância?
Andar.
Uns dias mais outros menos,
Sem parar de andar.

- O QUE NÃO PARECE -


P. –Eles não se interessam pela minha essência, fazemos parte de uma mesma vida. Sair, sentir lugares que imagino conhecer quando escapam detalhes dos que me olham sem ver; aqueles olhos me encaram incessantemente, como se quisessem me invadir com seus sonhos e esperanças.

C. –Esqueça os olhos e me conte se como eu gostaria de poder descansar um pouco, abrandar a luz, respirar em silêncio, esses desejos que vagueiam em cores furtivas não me deixam em paz. Nunca.

P. – Dia. Aqui é sempre dia. Dia após dia, o mesmo discorrer sussurrado, as imagens incessantes desfilando por cima de mim sem ansiar qualquer intimidade. Sinto-me uma parva. Por que só a retina? E não o tato ardente, a afabilidade da tez. Um toque, ainda que fugaz, me faria próspera. Sinto-me vazia, nua, mesmo quando me vestem com o sorriso e a agonia do mundo.

C. -A quem dera que me fosse concedido um momento de liberdade, sem aproximação, sem toques rápidos, apressados e constantes que me visitam sem parar, que não se deixam contemplar por mim nem por breve reflexo, se pudesse sair, se pudesse escolher.

P. – Se a escolha fizesse parte do nosso cerne, se eu pudesse abancar esta bicicleta e navegar ao infinito, Um mundo, mundo que me dê movimento. Qualquer um.

C. -Mas não, minha condição, sua condição ...

P. -É tão plana e imensa. Como uma folha de papel que só desenha no céu dos outros.

C. -Pois o meu, é lugar nenhum.

P. – E o meu, mesmo cândido envolve e ninguém alcança.

*Dialogo (Dani D.)baseado em prosa (Valéria Motta) - Diálogo entre parede de projeções e chão do OI FUTURO (Flamengo) - JUL/2009.

PAIXÃO - DANI D.-

Não importa a época, não importa a cultura, não importa a idade, se é rico ou pobre; nada importa, diante da única vocação que temos. Tudo é insignificante diante da inevitável e incontrolável PAIXÃO.
Emoção que nos envolve, no momento que nos toma, não há mais como fugir, nos invade a alma, mente, corpo, não estamos mais no comando, mas subordinados a ela; Implacável, nos faz perder a identidade e por muitas vezes a pouca dignidade que possuímos. Em muitos momentos nos coloca aos pés do perigo e por outras vezes nos braços da loucura. Sentimento que não nos deixa livre, não conseguimos fugir nunca e por muitas vezes não desejamos escapar de suas mãos fortes e quentes, que estranhamente nos conforta e nos entende em cada decisão tomada, em cada ato realizado. Paixão. Motivo de incivilidade, exagero, sofrimento. Paixão que nos marca cheiros, sabores, sons. Paixão que nos conta dia, hora, tempo. Paixão que motiva descobertas, mudanças e inevitáveis tragédias. Paixão que não se confunde nunca com amor e que não tem pretensão de ser gentil e morna. Amor é pouco. Amor é quase nada, para quem esta acostumada a devorar das entranhas a vida. Vida. Que sem alguma paixão não seria nada. Não seria sequer apaixonante, não seria sequer vida. Paixão.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Urnas ou Light?

É... foi dada a largada para a corrida eleitoral. Detesto ano de eleição. Acho uma bosta, e não adianta vir com esse papinho de democracia. O que me irrita em eleição é que toma o ano inteiro; lá pelo meio de março, isso mesmo março, nós sabemos que as coisas por aqui só começam depois do carnaval; Então lá pelo meio de março, começamos a ver uns camaradas com adesivos, depois toda quinta-feira no meio do jornal tem uma propaganda de mais ou menos quinze minutos e quem não tem TV a cabo vai ter que ver aquele circo; porque logo em seguida começa a novela e se eu desligar acaba que me distraio e perco o capítulo que Totó descobre que é corno. Eleição é um saco! Toda aquela sujeira pelas ruas e nessa época brota gente nas calçadas distribuindo papel, pente, já recebi até lixa de unha com nome de candidato. E pra fechar o pacote a partir do meio de agosto começa a propaganda eleitoral gratuita. Gratuita pra quem? A light não para meu medidor na hora que começa o horário. Ela para o seu? Confesso que já perdi algum tempo da minha vida pensando nisso, foi aí que alguém me disse - “esse horário é gratuito pros partidos” - eles é que não pagam pelo horário da TV. A coca-cola vai lá, fala três segundos e paga muito caro, mais muito caro mesmo. O político vai lá, mete a cara na tua tela, mente e isso tudo tem custo zero pra ele. É... o seu medidor continua rodando. Mais esse ano, é um ano atípico, não pelos trezentos números que você vai ter que digitar naquela urna maldita, mas esse ano tem uma nova lei eleitoral, nova, nova não, fizeram umas emendas. E duas coisas me chamaram a atenção, quer dizer três, a primeira foi eu ter lido a lei, vamos combinar que só “concurseiro” faz isso, mais ninguém lê lei, nem quem trabalha com ela, nem quem faz, porque se o cara relesse a lei que fez... ele ia falar: - Peraí rapaziada, borá fazer isso aqui de novo! A segunda coisa que me chamou a atenção foi: “No horário para a propaganda eleitoral, não será permitido promover marca ou produto.” Quem escreveu isso aqui? Não, não... quem teve essa idéia? O cara acha mesmo que uma marca vai querer vincular sua imagem a algum candidato? Eu podia fabricar supositório, mesmo assim não ia querer vincular meu produto a um partido. Outra coisa que está gerando muita polemica é a história de não poder “ridicularizar candidato”. Como assim? Eu tô na minha casa, e um “homem” público carrega dinheiro na cueca e EU que ridicularizo o candidato? Eu tô trabalhando e um “homem” público faz a dança da pizza numa CPI e EU que ridicularizo o candidato? Eu estou dormindo e um “homem” público cria tanta diretoria que tem que nomear até um diretor de garagem e Eu que ridicularizo o candidato? É... e você pensou que nunca mais ia ouvir falar em censura, heim? Pensei em comprar um nariz de palhaço, mas os tempos são outros; um nariz de palhaço não nos cabe mais. A figura do palhaço chega a ser romântica. E nossos “homens” públicos estão longe de qualquer romantismo. Acho que só nos resta vestir as orelhas de burro e partir para as urnas em outubro. Eu? Não decidi ainda se vou as urnas passar recibo ou a light parar meu medidor. (Dani Dias/AGO2010)

!RUNNERS - até 02/09 - Vai ficar aí parado?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

!Runners



!RUNNERS - QUARTAS E QUINTAS 21H - SOLAR DE BOTAFOGO.

Texto e direção: Cristina Teixeira
Produção: Proposta A6
Elenco: Ana Beatriz Macedo, Anita Mafra, Carol Costa, José Loreto, Manoel Madeira e Pedro Uchoa
Ator convidado: Marcio Augusto

O espetáculo explora os vários distúrbios psicológicos humanos, com boas doses de humor negro a partir de uma sessão de terapia em grupo.


Solar de Botafogo, R. Gal Polidoro, 180. (2543-5411).
Cap.: 40 pessoas.


Já quer garantir o seu ingresso?
www.ingresso.com

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O que seria da criação sem um bom bate bola? - Dani D. e Victor 18 -

"Stand up":O que pode dar errado num Voo da British Airways? - Dani D. -

- Eu morei em Londres um tempo, e aí sempre que sobrava uma grana eu vinha passar o natal com a família. Era bom, eu gostava de vir passar o fim do ano aqui, Rio de Janeiro, solzão, festa em família... tudo muito animado. Em Londres eu ficava muito só. Então quando eu chegava aqui, meio que acontecia de tudo... e aí eu lembrava porque eu preferia continuar a uma distancia segura da minha família. Numa dessas voltas pra casa, Eu estava realmente ansioso pela volta, no Rio fazia um calor insuportável, eu já tava ficando sem dinheiro. As brigas típicas que acontecem todo fim de ano já tinham rolado. Então eu estava especialmente feliz em sair do calor, da família, das brigas e voltar para a tranqüilidade da minha vivência internacional. Pra variar a família toda foi se despedir de mim no aeroporto. Aquela coisa toda, aquela choradeira da minha mãe. E na minha cabeça eu só conseguia ouvir: Espera, depois que você ultrapassar aquela porta, vai ser só ar condicionado, frio e silêncio. Tudo que eu mais queria naquele momento era frio e silencio e aí tudo seria perfeito, depois que eu entrasse naquele avião da British Airways, tudo seria perfeito. Afinal o que poderia dar errado num voo da British Airways.
Ainda faltava cerca de trinta minutos para o embarque, mais eu falei que era melhor eu entrar logo, sabe como são os britânicos, né mãe? Fui o primeiro a entrar no avião. Avião limpo, comissários educados, piloto que inspira confiança. Alcancei minha confortável poltrona, que ficava no meio da fileira, sabe? Quando você vai escolher onde sentar e aí tem a poltrona “janela”, tem a poltrona “corredor” e tem a “confortável” poltrona do meio. Sentei ali comecei a repetir sem parar: ninguém senta aqui, ninguém senta aqui, ninguém senta aqui. E aí apareceu o primeiro intruso, tive que levantar pra ele sentar, classe econômica, né? Mais tudo bem, estava tudo bem, o ar condicionado estava geladinho. O avião começou a encher. Mesmo sem meu comando meu cérebro começou a repetir como se fosse um mantra: ninguém senta aqui, ninguém senta aqui, ninguém senta aqui. E aí as comissárias começaram a fazer as explicações de segurança, aí eu relaxei totalmente. Agora ninguém ia entrar mais, levantei o braço da poltrona, botei umas revistas na poltrona do lado que agora também era minha, me espalhei completamente. Feche os olhos e relaxei, já estava até sonhando, quando de dentro dos meus sonhos ouvi um: com licença. Abri os olhos e diante de mim estava o dono da poltrona corredor. Fiquei pensando: esse cara tava onde? saiu de onde? porque só veio sentar agora? Recolhi minhas coisas e achei melhor me apresentar, porque mesmo sendo um avião da British Airways, o vôo era de doze horas. Me apresentei pro cara da janela, não entendi muito bem o que ele disse, só sei que ele virou e fechou os olhos, acho que não queria conversar. Virei pro outro e me apresentei.
Ele falou o nome dele e disse que era o piloto do avião. Eu disse ahh... piloto de avião, ele não, não, piloto desse avião. Eu olhei pra ele e falei: Ah ta certo, então me leva lá na cabine. Não rolou de ir na cabine, mais a tripulação toda vinha e cumprimentava o cara. Ele disse que tinha trocado com um amigo. A única coisa que eu consegui pensar na hora foi: Tomara que esse amigo seja piloto. Mais o que podia dar errado nesse vôo? Nada! Serviram o jantar, sim jantar mesmo. Tá acostumado com barra de ceral e amendoim, né? O piloto falou um pouco da vida dele, eu contei um pouco do meu “Work Experience” e aí do alto do silencio do vôo uma mulher gritou: EU QUERO DÁ! EU QUERO DÁ! EU QUERO DÁ!
Eu não sei de onde saiu tanta gente com uniforme, mais todo mundo pulou encima da mulher. O piloto disse que ia até lá ajudar e saiu corredor adentro. A mulher calou a boca, as luzes baixaram, eu entendi que era a hora de tudo mundo dormir. Devem ter dado algum calmante pra coitada, pra ela se manter calma até chegar a Londres, assim que ela chegasse em terra firme ela poderia cumprir seu intuito. Depois de umas dez horas de vôo eu estava com sede e fui até a cozinha do avião, aquele negócio atrás da cortina, cheguei lá pedi um copo de água, a comissária de bordo sorriu pra mim e disse que ia levar até a minha poltrona. Quando eu já estava me virando pra sair, olhei pro chão e vi, eu vi, ninguém me contou não. Eu vi a mulher que queria dar toda amarrada, ela não estava algemada não, ela estava amarrada igual a uma lingüiça. Amarrada com uma corda grossa. Aquilo nêgo deve ter nessas tribos indígenas por aí, sei lá... Osama Bin Laden deve ter aquele tipo de corda, agora eu nunca ia imaginar na vida, nem na morte, que dentro de um avião da British Airways ia ter aquele tipo de corda. O fato é: quem queria dar era a mulher e eu não ia perguntar nada, porque o que eu queria era terminar o vôo bem sentado na minha poltrona. A comissária trouxe minha água e eu nem bebi. Quando o avião tocou no solo eu já tava em pé pra sair fora dali. E aí o piloto avisou que todos tinham que permanecer sentados, que antes do desembarque ia ter um procedimento policial dentro do avião. Eis que para minha surpresa e dessa vez até o cara do meu lado que passou o tempo todo dormindo levantou a cabeça. Surgiu uma fila de policiais da Scotland Yard por cada corredor do avião. De repente surgi à lingüiça gigante no alto, quer dizer a mulher toda amarrada sendo levada pelos homens de preto. Ninguém dizia nada. E aí o cara do meu lado que passou o vôo todo mudo, do nada falou:
- ...E ela só queria dar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

munDANOS 2

Peça de 1 Minuto: Dúvida.

Otávio – Merda! Logo agora esse avião some? Estava tudo sobre controle. Planejei tanto esta viagem e agora esse avião desaparece e ainda some no mesmo lugar!
(Pausa).
Telefone? Cadê o telefone? Essa Terapeuta nem pra me atender, ela disse que eu estava de alta; alguém já viu terapeuta dar alta a alguém? Quando voltar preciso arranjar outro médico.
Passaporte? Hum... não posso esquecer meu passaporte. Telefone; passaporte. Paris. Ah Paris! Estudei você nos mínimos detalhes, tenho o roteiro perfeito pra te ver, te sentir. Ah Miguel por que foi embora? Por que não esta aqui segurando minha mão?
(Pausa).
Que tristeza é esta homem! Você pode! Até a Terapeuta te deu alta e você ama Paris, planejou esta viagem com tanto amor e agora só porque deu errado com um avião você esta querendo desistir?!
(Pausa).
É deu errado com um avião. (Pausa) Ah ... se eu pudesse ir a Paris de carro, bem que poderia ter uma ponte, uma ponte daqui a Paris, uma linda ponte por cima do Atlântico. E Miguel, hein? Onde será que esta? Traidor! Planejou tudo, tudinho e faltando um mês... termina! Como assim termina? Já devia estar me traindo. Veio com aquela historinha de que sou indeciso! Indeciso! Não sou indeciso sempre sei o que quero!
(Pausa).
Ai que azia infeliz! Estou de Férias, tenho que fazer uma viagem de férias! Ah... esse avião ... que avião mais escroto!
(Pausa).
Dúvida nada tem a ver com indecisão, não sou indeciso, só estou em dúvida.
(Pausa).
Quer saber, essa dúvida só pode ser um sinal de Deus! É sim, isso não é medo não, é um sinal divino. O universo está tentando me dizer alguma coisa. Sabe de uma coisa? Eu vou é pra Mangaratiba! Vou ficar com a minha Vozinha que me entende, e que sempre me disse que um bicho que não bate as asas não pode voar!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Mundanos by SistersTxt


Por falta de amparo....

Este é um causo que se deu,
Lá pelas bandas do nordeste.
É a história de dois cabras
E Rosa uma flor do agreste.

Os desinfelizes chaleiravam,
A menina com todo tipo de agrado;
Davam de pulseira a “anér”,
Rosinha recebia até bom-bocado.

Levaram todo tipo de fruta,
Também do salgado ao melado.
E nada de Rosa se apetecê,
Por nenhum dos “apaixonado”.

Teve até luta armada na cidade.
O povaréu todo se juntou pra vê,
Quem ia merecer o amor da flor.
Que nem apareceu pra “torcê”.

O que ninguém tinha conhecimento,
É que a menina amor dos “brigão”.
Andava se encontrando as escondidas,
Com Bastião um notável covardão.

Que num era besta de se meter,
Na disputa com os dois “valentão”.
E assim lhe sobra mais tempo,
De conquistar Rosa e seu coração.

E foi com a brisa quente,
E a sombra do umbuzeiro,
Que Rosa jurou amor eterno.
De testemunha um cajueiro.

Montaram os amantes num jumento,
E foram se embora pra Juazeiro.
Lá eles haviam de conseguir sossego
E agora esta você aí perguntando:

E o que foi feito de Zé e Mané?
Esses aprenderam lição importante,
Preste atenção na madame ao invés,
Dê se inquietar com possível amante.

Dani Dias / 2010.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Mãe!

MÃE

Valéria Motta


Há quanto tempo aqui? Bom, na casa mesmo tem uns dez anos, mas neste banheiro uns dois. Sabe como é? Os filhos crescem e tomam conta do nosso espaço. (T) Hein? Se não é o contrário? Não, não. Esse contrário aí ainda vai demorar. Por que filho adolescente é assim mesmo. Ocupa espaço. Preenche com as vontades, entende? A psicóloga do colégio dizia que era tudo desejo... isso porque não era na casa dela. Acredita que nem visita recebia mais? O lavabo era irremediavelmente pros desejos dele. Hooooras lá dentro. Bom, pelo menos o garoto saía calminho, o marido não reclamava, a irmã não chorava e a empregada não pedia mais as contas. A vida da gente, hoje em dia, é assim. Melhor não perturbar... só a minha pessoa, claro. Foi por conta disto que dei um basta, tipo socorro mamãe surtou. Pois é... me dei o direito de bater a porta como eles fazem e me trancar aqui. Só que ninguém nunca imaginou que os minutos virariam horas que virariam dias... anos. Agora é a coitada da Justa é que sabe da casa. Só fico escutando: Justa cadê isso, cadê aquilo. Hã? A família? Reclamou no começo, mas depois se acostumou. Normal como dizia a minha menor. Saudade deles? Sinto... claro... só que descobri que amo dormir o tempo que meu corpo pede, compreende? Porque tava demais, vou ser sincera. Me sacrifiquei anos a fio para virar móveis e utensílios, não dá! Não gosto dessa invisibilidade! Sabe quem nem vontade tinha mais? Juro. Vai cansando sabe? Você no maior sono, a cama balança, aquele troço vai se chegando, você fica meio lá meio cá... já não tem aquela agilidade toda e pronto foi... Mas tudo bem, fazia parte. Pelo menos a cama balançava de vez em quando. Agora as crianças... meio decepção, entende? A mais nova vivia mais na casa das amigas do que aqui. Não sei que tanta graça ela via em dormir na casa da Lê, da Pri e da Rê. E a mãe aqui que agüentasse esta sinfonia! Mas passa... minha avó dizia que o bom da adolescência é que passa. Eu mesmo, nem lembro direito da minha. Lembra da sua? Pois é. Todo mundo pula essa parte. Hein? Se não me arrependo de morar aqui? Imagina! Tem barulhinho de água quando fico com vontade de chorar. Tem espelho quando penso que tenho vinte anos a menos, tem até banheira, olha só. O problema é que já estou naquela fase do entala, mas para relaxar os pés dá. Difícil relaxar... assim... depois de tanto tempo sem ter com quem conversar. Hã? Já vai? Mas, o que foi? Não respondi tudo certo? Ah, sei... tem mais gente pra pesquisar. Sei como é que é... toda mãe sabe como é que é...a gente nasceu para entender tudo. (T) Tudo bem. A próxima pesquisa é quando mesmo? Hum... é trienal, entendi. Hã? Se sou feliz? Claro... tenho a minha família, meus amigos..tudo bem que ando meio afastada, mas acho que... Oi? Estou sendo sincera sim! Imagina! A minha vida é quase perfeita. Só falta uma pitada de coragem, pra abrir a porta, mas isso a gente vai levando.

ASsimbiótica - Em: Who's the boss? The hand is.



Cômica relação antagônica entre criação e criadora a respeito das divergentes definições do que é ser mulher.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Guardar e não sofrer mais

Guardar e não sofrer mais


Nunca pensei que fosse tão simples. Abrir aquela carta, ler sua letra miúda... e não chorar uma lágrima sequer. Simplesmente guardar tudo no fundo da gaveta e não sofrer mais, João. Juro que não te esqueci... seu lugar é e será sempre insubstituível. Nós dois sabemos disso. Só que me pergunto. O que fizemos para este laço nunca se romper? Dez anos e ele nunca rompeu, né João? Nem esgarçou... nada. Te disse tantas verdades, exigi promessas de amor, palavras doces. E você, João, sempre cumpriu com cada um delas... Menos a principal, claro. Desistiu de mim antes de existir qualquer coisa mais concreta. Será que é por isso que continuamos nos amando? Sem nos importarmos com quem está do nosso lado? Que egoísmo nosso, hein João? Será isso traição? Será isso outra forma de amar? Não sei... mas , agora, me faz bem ler suas palavras cheias de desejo. Leio e apenas sorrio. Dizem que quando nos lembramos muito vivamente de algo é porque o cérebro gravou no seu HD esta informação. E a informação que tenho hoje para te dar é que não importa mais o que vou fazer da minha vida. Não importa com quem vou dormir, em qual cama vou deitar e nem que corpo vou decidir amar... o fato é que a pasta “João” está gravada em alguma sinapse qualquer. Por isso, guardarei sem dor qualquer carta que receber de você. E prometo sentir delicadamente cada alento que vier dela para ser feliz.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

sem titulo

Se o longe alcança as estrelas

prepare-se desde já

para tocar paciente o céu da minha boca

para afivelar o meu rosto sob o teu rosto.

para colocar seu ouvido sobre meus sonhos

e escutar as idéias que tilintam sobre a minha cabeça

presta atenção nos candelabros vazios da tua existência


Se os seus dedos imensos alcançam as estrelas,

mova as tuas mãos pelos céus

e afasta as nuvens dos meus pensamentos.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Kingdom

The door shuts behind me with a soft rush of air.


I’m having difficulty keeping my breath under control and my heart hammers against my ribs. Everything is familiar, but at the same time everything is unknown.

I feel as if I have entered a decompression chamber, sealed off from the outside world, a perfect vacuum housing its own solitary universe; a womb-like temperature that keeps the occupants content, along with the pills they consume with their insipid lunch. Odours of cleaning-polish, urine and a faint whiff of boiled cooking cabbage hang in the air like steam from a dirty kettle.

I step into the sterile, muted hallway and my footsteps echo dully on the rubber floor. Above me the sound of a fluorescent strip light buzzes comfortably, while a distant squeak of wheels and a door clanging shuts signalizing human activity somewhere down in the placid depths of the building.

I start to walk, trailing my fingers against the recently painted walls. They have used cheap whitewash instead of gloss and the resulting slightly gritty sensation feels as if I am dragging my nails across a blackboard. Resignedly, I let the corridor guide me to the room precisely three doors on the left. The palms of my hands are sticky and my fingers twitch. When I touch the door I notice it is already open. This, in my experience, is quite unusual.

I walk in, and immediately my feet sink into the thick pile carpet, as if I have started to wade across sand. I have to resist the momentary urge to take my shoes and socks off and paddle in the glorious warm shallows like a child. Instead, as adults must, I stand for a moment, taking in my surroundings, the comfortable room with the smell of dust rising faintly from its thick wooden furniture and the sagging, expectant shelves of books.

Driscoll house

With some difficulty, Ishmail made out the lettering on the side of the huge building through the bouncing rain. The cab driver mutely tap the meter and Ishmail fumbled through his pockets to get rid of the loose change. Reluctantly he left the warmth of the cab, pulling the coat over his head and dragging his rucksack with him. The enormous bulk of the hotel reared over his head like a warning, raindrops pelting from a leaden sky. As he mounted the steps, he saw a small metal sign on the left.



Headquarters of the International Language Club



That sounds fun, though Ishmail, miserably.

He faced great difficulty trying to open the black wooden door, considering he was also trying to push instead pull as the metal in the door indicates.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sapatos e vernizes

Sapatos e vernizes

Valéria Motta

Uso sapatos que refletem algum estado de espírito. Formas mais apertadas capazes de fazer o passo sangrar... sinto vergonha de prender tanta dor... e alívio quando piso livremente em sonhos flocados...espuma delicada que esparge e brinca com o plantar. Sim, dedinhos falam, calcanhar se acalma e o feixe rijo de fibras e nervos arqueia para sustentar este corpo cansado de pisar com tanta cautela. Não é fácil mudar o ponto de equilíbrio, criar este pequeno espaço na alma dos sapatos. MAs é preciso sempre seguir adiante, escutando o que o chão tem a nos dizer.. seu segredos calafetados, assoalhos espelhados refletindo todo tipo de indiscreção.
Ando no caminho das veias e dos ossoinhos minúsculos. Me esforço para incomodar cada um deles, criando atrito com o verniz, marcando espaço na impossibilidade. Exercício diário de simplesmente ceder. Tudo de uma forma ou de outra se amolda... Para isso, arranco o canto das unhas com pinça para manter o rosto plácido e as mãos em paz com o verniz alheio... esta casquinha de brilho tolo.

terça-feira, 23 de março de 2010

Vontade desconhecida

Não tenho palavras bonitas para me expressar.
Não tenho nenhum tesouro, ou se quer algo parecido, para lhe dar.
Também não sei dizer nenhuma prece
que seja um sincero voto de servidão.
Não, não é nada disso o que eu posso lhe dizer.

Só posso saber do que sinto quando um cruel pensamento me atormenta
com tua imagem, em atitudes que nunca existiram.

Por que essa invasão desmedida?
Por quê?

Qual o mistério desse desejo se nada o alimenta?
O mistério é uma fuga.
É a vontade desconhecida de esquecer-me.
Busco o desejo de partir.
E não posso.

Por isso penso irrealidades
Na vontade desconhecida de esquecer-me




sábado, 9 de janeiro de 2010

Alento en aire

Foi simples... guardar e não sofrer mais. Suór que evaporou em espiral...enlace, mãos desencarnadas. Saudade de nunca mais pisar da mesma forma. Contradança cheia de vazios... vontade de reter o que escorre do corpo... tão doce e lento, como beijo apaixonado que não cansa nunca. Alento que suspende o relógio do corpo e tudo enrijeçe...súbito.
E o corpo aumenta, voz muda de tom... tudo aquiesce como brasa esquecida. Seu ar no meio dos meus olhos, riso abafado e desejo com cheiro de licor. Calice entornado num assoalho navalhado de lembranças.