POR VALERIA MOTTA
Alma
Sossega tua alma sombria
Abra uma fresta
Arrisque um palpite
Pise na areia movediça
Enterre a culpa, sem dó
Sossega tua alma amarga
Coloque dentes
Mastigue a dor com a beleza dos banquetes
Sossega tua alma magra
Tão calada
Tão profunda
Retira-lhe este pesar
Estas perdas físicas
Estas perdas místicas
Assopre as cinzas
Deixe o cisne te abraçar
Sossega tua alma e o teu corpo também
Respire só
Tão sossegadamente só
Que acordarás somente, a poesia.
Vicio
Teu nome está na minha boca como um vício
E qualquer desejo que escape a língua
Se torna palavra morna
Teu nome junto com os teus olhos
Vigiam os meus sonhos,
Imprimindo neles,
Uma intuição mordaz
Teu nome me sobe as narinas como um narcótico
E por onde quer que eu vá,
Carregarei este delírio,
Esta pausa na garganta
E uma leve falta de ar,
Quando penso em você.
Troco
Nunca peça um beijo
Nem uma vodka
Nem a cerveja
Se a quer
A tome
A beba
A sugue
Até virar bagaço
Frangalho
Um trocado
Tirado do bolso
E posto de lado
apresentação do Grupo Vocal "As Terças"
Há 11 anos
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