terça-feira, 18 de agosto de 2009

ALMA por Valeria Motta

POR VALERIA MOTTA


Alma

Sossega tua alma sombria
Abra uma fresta
Arrisque um palpite
Pise na areia movediça
Enterre a culpa, sem dó

Sossega tua alma amarga
Coloque dentes
Mastigue a dor com a beleza dos banquetes

Sossega tua alma magra
Tão calada
Tão profunda
Retira-lhe este pesar
Estas perdas físicas
Estas perdas místicas

Assopre as cinzas
Deixe o cisne te abraçar
Sossega tua alma e o teu corpo também

Respire só
Tão sossegadamente só
Que acordarás somente, a poesia.



Vicio


Teu nome está na minha boca como um vício
E qualquer desejo que escape a língua
Se torna palavra morna

Teu nome junto com os teus olhos
Vigiam os meus sonhos,
Imprimindo neles,
Uma intuição mordaz

Teu nome me sobe as narinas como um narcótico
E por onde quer que eu vá,
Carregarei este delírio,
Esta pausa na garganta
E uma leve falta de ar,
Quando penso em você.


Troco


Nunca peça um beijo
Nem uma vodka
Nem a cerveja

Se a quer
A tome
A beba
A sugue

Até virar bagaço
Frangalho
Um trocado

Tirado do bolso
E posto de lado

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