Lembro dos meus dias infantis, principalmente da hora do recreio. Era hora em que eu ouvia o coro desafinado, odioso e personalizado: Sara Bolota, Sara Bolota, Sara Bolotaaaa! Bolotaaa!
Eu queria que meus tímpanos estourassem, que a terra se abrisse e eu caísse num silencioso abismo. Eu prefiria ser surda a ser obrigada a ouvir os moleques ridículos se divertindo às minhas custas.
Só que a vingança não tardou. Na adolescência, assumi o estilo boazuda, e sem qualquer esforço. Acho que meu corpo reagiu de maneira surpreendente aos estímulos negativos que eu ouvia quando criança. Eu daria um belo estudo científico, não?
Ignorei a existência de todos os meninos que faziam parte daquele coral do recreio da minha infancia. E eles tomaram um verdadeiro ódio por mim. Ou seja, a minha popularidade passou de desprezível a detestável.
Continuei fazendo parte do grupo de exclusão.
Nos estudos, meu desempenho sempre foi exemplar. O que aumentava o ódio dos populares.
apresentação do Grupo Vocal "As Terças"
Há 11 anos
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