segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Calcinhas Reais

Não sei se isso acontece com todas, mais, para mim, calcinha apertada é pior que espinha na ponta do nariz. Além de machucar, marca o corpo e denuncia a silhueta e não existe castigo pior para uma mulher que a calcinha apontar o que está sobrando. Gosto de usá-las, de certa forma me sinto protegida.
Isso já não acontece com o sutiã. Fico sem sutiã na boa, agora não consigo me livrar da calcinha. Outro dia a médica disse que eu podia experimentar dormir sem elas, que ia sentir liberdade. Tomei banho vesti uma camisola e deitei. Televisão, livro, nada de sono. Livro, televisão, hum uma coceirinha, opa não posso me coçar estou sem à parte de baixo! Aquilo me soou quase como experiência sexual. Fui direto ao banheiro, lavei as mãos deitei novamente, tentei abstrair, peguei um livro na pilha dos que estão ainda aguardando ser lidos. Quem sabe a novidade não iria me distrair? Acordei umas três da manha, com a luz incomodando, o livro realmente serviu, estava quase adormecendo quando lembrei que estava sem nada. Bem, se já tinha caído no sono antes, agora seria mole. Apaguei a luz e me cobri. Virei, virei, depois de quinze minutos contando carneirinhos e borboletas passei a contar calcinhas, na décima levantei e vesti uma - que alívio - dormi imediatamente.
Passei dias tentando esquecer aquele episódio virginal, comprei mais algumas para nunca faltar e foi lá, lá que encontrei a minha resposta, um livro que traz a história desta pequenina peça que há tempos atrás foi quase que uma calça e descobri que provavelmente pertenci a uma época em que coube a Rainha Vitória, da Inglaterra, convencer a massa a adotá-la como medida de decência. Fiquei pensando que talvez tenha vivido naquela corte e que quando Vitória ordenou que todas usassem a tal novidade eu tenha sido uma das primeiras a obedecer à ordem. Certo que Vitória disse que teriam que ser brancas, mas quem de nós consegue resistir a um coloridinho? Entre o conselho da médica e o da Rainha, fico com a Monarquia. Afinal que súdito discute a ordem de um soberano?

Dani Dias.

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